sábado, 31 de agosto de 2013

"Nossa medicina é quase de curandeirismo", diz doutor cubano

Mais Médicos

Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, conta por que, em 2006, desertou de uma missão de seu país na Bolívia - na qual os médicos eram vigiados por paramilitares

Aretha Yarak
O cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, é médico. Na ilha dos irmãos Castro ele aprendeu seu ofício em meio a livros desatualizados e à falta crônica de medicamentos e de equipamentos. Os sonhos de ajudar os desamparados bateu de frente, ainda durante sua formação universitária, com a dura realidade de seu país: falta de infraestrutura, doutrinação política e arbitrariedade por parte do governo. "É triste, mas eu diria que o que se pratica em Cuba é uma medicina quase de curandeirismo”, diz  Velazco. 
Ao ser enviado à Bolívia em 2006, para o que seria uma ação humanitária, o médico se viu em meio a uma manobra política, que visava pregar a ideologia comunista. “A brigada tinha cerca de 10 paramilitares, que estavam ali para nos dizer o que fazer”. Velazco não suportou a servidão forçada e fugiu. Sua primeira parada foi pedir abrigo político no Brasil, que permitiu sua estada apenas de maneira provisória. Hoje, ele mora com a família em Miami, nos Estados Unidos, onde tem asilo político e estuda para revalidar seu diploma. De lá, ele concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:
Como os médicos são selecionados para as missões?
Eles são obrigados a participar. Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. Se eles precisam de 100 médicos para uma missão, você precisa estar disponível. Normalmente, eles faziam uma filtragem ideológica, selecionavam pessoas alinhadas ao regime. Mas com tantas colaborações internacionais, acredito que essa filtragem esteja menos rígida ou tenha até acabado.
Como foi sua missão?
Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia há meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos - havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.
Paramilitares?
Vi armas dentro das casas onde eles moravam. Eles andavam com dinheiro e viviam em mansões, enquanto nós éramos obrigados a morar nos hospitais com os pacientes internados. Quando chegamos a Havana para embarcar para a Bolívia, assinamos uma lista para registro. Eram 14 listas com 10 nomes cada. Em uma delas, nenhum dos médicos pode assinar. Essa era a lista que tinha os nomes dos paramilitares.
Como era o trabalho dos paramilitares?
Não me esqueço do que a chefe da brigada disse: “Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pode terminar”. Eles nos diziam o que fazer, como nos comportar e eram os responsáveis por evitar deserções e impedir que fugíssemos. Na Bolívia, ela nos disse que deveríamos estudar a catarata. Estávamos lá, a priori, para a atenção básica – não para operações como catarata. Mas tratar a catarata, uma cirurgia muito simples, tinha um efeito psicológico no paciente e também na família. Todos ficariam agradecidos à brigada cubana.
Você foi obrigado a fazer algo que não quisesse?
Certa vez, eu fui para Santa Cruz para uma reunião, lá me disseram que eu teria de ficar no telefone, para atender informações dos médicos e fazer estatísticas. O objetivo era cadastrar o número de atendimentos feitos naquele dia. Alguns médicos ligavam para passar informações, outros não. Eu precisava falar com todos, do contrário os líderes saíam à caça daquele com quem eu não havia conversado. Quando terminei o relatório, 603 pacientes tinham sido atendidos. Na teoria, estávamos em 140 médicos na Bolívia, mas foi divulgado oficialmente que o grupo seria de 680. Então como poderiam ter sido feitas apenas 603 consultas? Acabei tendo que alterar os dados, já que o estabelecido era um mínimo de 72 atendimentos por médico ao dia. Os dados foram falsificados.
Como é a formação de um médico em Cuba?
Muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada, as aulas são teóricas, os livros são velhos e desatualizados. Alguns tinham até páginas perdidas. Aprendi sobre as doenças na literatura médica, porque não tinha reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco.
Como era feita essa "graduação extremamente ideologizada" que o senhor menciona?
Tínhamos uma disciplina chamada preparação militar. Ficávamos duas semanas por ano fora da universidade para atender a essa demanda. Segundo o governo cubano, o imperialismo iria atacar a ilha e tínhamos que nos defender. Assim, estudávamos tudo sobre bombas químicas, aprendíamos a atirar com rifle, a fazer maquiagem de guerra e a nos arrastar no chão. Mas isso não é algo exclusivo na faculdade de medicina, são ensinamentos dados até a crianças.
Como é o sistema de saúde de Cuba?
O país está vivendo uma epidemia de cólera. Nas últimas décadas não havia registro dessa doença. Agora, até a capital Havana está em crise. A cólera é uma doença típica da pobreza extrema, ela não é facilmente transmissível. Isso acontece porque o sistema público de saúde está deteriorado. Quase não existem mais médicos em Cuba, em função das missões.
Por que você resolveu fugir da missão na Bolívia?
Nasci em Cuba, estudei em Cuba, passei minha vida na ilha. Minha realidade era: ao me formar médico eu teria um salário de 25 dólares, sem permissão para sair do país, tendo que fazer o que o governo me obrigasse a fazer. Em Cuba, o paramédico é uma propriedade do governo. A Bolívia era um país um pouco mais livre, mas, supostamente, eu tinha sido enviado para trabalhar por apenas três meses. Lá, me avisaram que eu teria de ficar por dois anos. Eu não tinha opção. Eram pagos 5.000 dólares por médico, mas eu recebia apenas 100 dólares: 80 em alimentos que eles me davam e os 20 em dinheiro. A verdade é que eu nunca fui pago corretamente, já que médico cubano não pode ter dinheiro em mãos, se não compra a fuga. Todas essas condições eram insustentáveis.
Você pediu asilo no Brasil?
Pedi que o Brasil me ajudasse no refúgio. Aleguei que faria o Revalida e iria para o Nordeste trabalhar em regiões pobres, mas a Polícia Federal disse que não poderia regularizar minha situação. Consegui um refúgio temporário, válido de 1 de novembro de 2006 a 4 de fevereiro de 2007. Nesse meio tempo, fui à embaixada dos Estados Unidos e fui aprovado.
Após a sua deserção, sua família sofreu algum tipo de punição?
Eles foram penalizados e tiveram de ficar três anos sem poder sair de Cuba. Meus pais nunca receberam um centavo do governo cubano enquanto estive na Bolívia, mas sofreram represálias depois que eu decidi fugir.
Quando você foi enviado à Bolívia era um recém-formado. A primeira leva de cubanos no Brasil é composta por médicos mais experientes...
Pelo o que vivi, sei que isso é tudo uma montagem de doutrinação. Essas pessoas são mais velhas porque os jovens como eu não querem a ditadura. Eu saí de Cuba e não voltei mais. No caso das pessoas mais velhas, talvez eles tenham família, marido, filhos em Cuba. É mais improvável que optem pela fuga e deixem seus familiares para trás. Geralmente, são pessoas que vivem aterrorizadas, que só podem falar com a imprensa quando autorizadas.


Os médicos cubanos que estão no Brasil deveriam fazer o Revalida?
Sim. Em Cuba, os médicos têm de passar por uma revalidação para praticar a medicina dentro do país. Sou favorável que os médicos estrangeiros trabalhem no Brasil, mas eles precisam se adequar à legislação local. Além do mais, a formação médica em Cuba está muito crítica. Eu passei o fim da minha graduação dentro de um programa especial de emergência. A ideia era que eles reduzissem em um ano minha formação, para que eu pudesse ser enviado à Bolívia. O governo cubano está fazendo isso: acelerando a graduação para poder enviar os médicos em missões ao exterior.

sábado, 24 de agosto de 2013

Reynaldo-BH: Os doutores de Fidel não são bem-vindos ao nosso país!!!

REYNALDO ROCHA
Poucos atos ofendem mais a dignidade humana que o de enganar, mentir e fazer de quem ouve uma marionete na certeza da inação e do esquecimento.
Hoje somos todos marionetes nos cordéis ou em mãos de artistas mambembes.
O governo conseguiu o que queria. Usou da mentira e de afirmações que não se sustentam nem por um dia para arquitetar e dar continuidade a uma entrega da saúde no Brasil às mãos de cubanos. Os mesmos que erraram no diagnóstico e tratamento de Hugo Chávez.
Onde a medicina massificada abriu mão da competência em nome de uma propaganda ridícula baseada em número de médicos mal formados.
Alexandre Padilha ─ o ex-médico que envergonha a classe a que um dia pertenceu ─ informou ao país que o plano de importação de médicos cubanos estava sepultado. O foco estava voltado para os europeus.
Como de se prever, estes não vieram. Sabem o que os espera.
E, de repente, de modo quase surpreendente, estamos com 4 mil doutores de Fidel em nosso país. Não são bem-vindos. Entre eles, enquadram-se brasileiros formados em Cuba a partir de seleção por “critérios ideológicos”, supostos idealistas que querem ─ antes da diagnose ─ propagandear as delícias do regime cubano, bolivariano ou lulopetista e, por fim, médicos que se submetem a receber R$ 2 mil de um total de R$ 10 mil pagos ao governo de Cuba como forma de sobrevivência, além de terem as famílias impedidas de sair da ilha do Coma Andante.
Que país disporia de 4 mil médicos para serem deslocados de modo imediato? Seriam os melhores entre os que atendem em Havana? Deixariam seus pacientes desamparados ou aos cuidados de outro profissional? Ou a lógica diz que são o restolho do restolho, os que sequer trabalham na própria Cuba dos Castro?
Precisam colocar seus salários à disposição do governo? Aceitam ─ por quê? ─ receber um percentual ridículo pelo trabalho pago? Quem os escolheu? Por que não serão submetidos ao Revalida?
Desembarcarão no Brasil com gaze, esparadrapo, estetoscópio, equipamentos de exames básicos, equipamentos de eletrocardiograma, macas, leitos e sabão ─ tudo que falta aos médicos brasileiros?
Trarão ambulâncias equipadas com desfibriladores? Enfermeiros formados que não confundam soro com cortisona? Nada disso foi levado em conta. Se antes o lulopetismo roubava, deixava roubar e mentia, hoje concorda com mortes mais que previsíveis. Não haverá NENHUMA melhoria! Podem cobrar! Não existe mágica. Medicina não é curandeirismo. É ciência. E precisa dos meios para continuar existindo.
O que importa são os quase meio bilhão de reais por ano enviados ao governo de Cuba! E a propaganda. Agora, sem nenhuma reclamação dos médicos que NÃO irão atender, mas são proibidos de se manifestar. Eles são EMPREGADOS do governo cubano. São pagos pelo GOVERNO DE CUBA. Dependem do humor dos comandantes que trocaram soldados por médicos. Nem sequer na Venezuela esse sistema de trabalho escravo não deu certo. A população ─ mesmo falando a mesma língua ─ evitava os cubanos por considerá-los despreparados. Tanto é que os 4 mil que desembarcam com as bênçãos de Dilma et caterva estavam, antes, na Venezuela. O contrato não foi renovado.
Em um ano teremos aqui o desastre e a explicação oficial: “tentamos, mas não deu certo”.
Não é estranho que em ano eleitoral tais valores astronômicos sejam enviados a Cuba? Retornarão? Ou alguém esqueceu dos dólares enviados em caixas de uísque para a campanha de Lula? Ou do tal “padre” cubano que dizia a todos estar financiando a campanha do Imperador de Garanhuns? Num cenário de maior vigilância interna sobre financiamentos de campanha, que tal um financiamento externo?
A saúde do povo? Dane-se, parecem dizer. Se alguém morre por falta de médico, nada muda. Agora morrerão por falta de competência.
Só desconfio que haja uma conspiração mundial (aí incluídos Estados Unidos, Europa, México e até a América Latina!) que quer ver o governo Lula, digo Dilma, naufragar!
Afinal, houve claramente um boicote dessa classe gananciosa que, NO MUNDO TODO (à exceção de Cuba!), recusou a generosa oferta de Padilha e Dilma: receberem pelo pouco trabalho. Basta emitir atestados de óbito.
A culpa é dos médicos!

ESCÂNDALO BILIONÁRIO 2!!!

(Leia primeiro o post anterior)
No post anterior, vocês leem que um deputado do PT, Vicente Cândido (SP), perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele cobrava para atender a um pleito seu. E que reivindicação era essa? Queria que uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi com o estado brasileiro — decorrente de multas em razão do não cumprimento do que vai em contrato — fosse reduzida, descobriu-se depois, em imodestos… 80%. O decoroso e moralista deixou claro que falava em nome de Lula. Muito bem! Cumpre aqui lembrar como e por que se formou a Oi, sob que desculpa e em que ambiente institucional.
Comecemos do começo. A briga de foice entre Daniel Dantas e setores do petismo estava ligada ao controle da Brasil Telecom. Sobraram golpes baixos de todos os lados, mas uma coisa é certa: a companheirada tramou para tentar tirar o empresário da companhia. Eram aqueles tempos que parte do atual JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) acusava qualquer pessoa que se atrevesse a criticar o PT e os petistas de “agente de Daniel Dantas”. Inventaram um demônio para poder demonizar os críticos.
Dantas finalmente cedeu e resolveu vender a sua participação na Brasil Telecom, que acabou sendo comprada pela… Telemar, o que resultou na gigante Oi. Lula, pessoalmente, sem intermediários, se encarregou de protagonizar um dos maiores escândalos do país: decidiu que o BNDES financiaria a operação. Para Dantas, foi um negocião: vendeu a sua parte por R$ 2 bilhões e saiu da mira do petismo. Aquilo a que se assistiu, a partir de então, foi um espetáculo grotesco. Transformou-se a criação da “Oi” numa manifestação de afirmação e resistência nacionalistas.
Segundo a versão oficial, ditada, então, por Franklin Martins e pressurosamente espalhada por áulicos, anões, mascates e jornalistas “dualéticos” (aqueles que têm duas éticas: uma para os petistas e outra para os demais), Lula, o Numinoso, queria criar uma grande empresa nacional para competir com as gigantes estrangeiras — caso contrário, as brasileiras seriam engolidas. Como se vê, o resultado é um espetáculo: a Oi está devendo R$ 10 bilhões só em multas e vale R$ 8 bilhões no mercado.
O Apedeuta mobilizou o governo para dar suporte à operação. Com um detalhe: nunca antes nestepaiz se havia feito um negócio bilionário que dependesse de uma mudança ad hoc da lei: se Lula não alterasse o decreto da Lei das Outorgas, a operação não poderia ser realizada. Mas ele prometeu mudar. Seu amigo Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, ficou feliz. Carlos Jereissati, da Telemar, sócia de Lulinha da Gamecorp, também. Atenção! LULA MANDOU O BNDES FINANCIAR A OPERAÇÃO DE COMPRA DA BRASIL TELECOM ANTES MESMO DE MUDAR A LEI. Ou por outra: quando decidiu que o banco oficial entraria na parada, estava praticando uma ilegalidade.
O Apedeuta deixou claro: o BNDES só financiaria a operação e ele só mudaria a lei se fosse para a Telemar comprar a Brasil Telecom. Se, por exemplo, a interessada fosse a então Telefonica, nada feito! E assim se fez.
O novo escândalo que agora vem à luz indica que a operação continua a depender do dinheiro público. Se a Anatel não livrar a empresa da multa bilionária, a Oi vai para o vinagre — e, como é sabido, um dos seus sócios é o BNDES. À época, defini assim a ação de Lula: nas democracias, os negócios são feitos segundo as leis; nas repúblicas bananeiras, as leis são feitas de acordo com os negócios.
Por Reinaldo Azevedo

ESCÂNDALO BILIONÁRIO!!!

O petista Vicente Cândido: ele atua como lobista da Oi e ainda pergunta a conselheiro da Anatel: “Honorários?”. Trata-se de um gigante moral!
Eles são quem são. E isso não tem cura. Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana traz à luz um escândalo de dimensões bilionárias. Há muito tempo, como se sabe, os petistas abandonaram o patamar dos milhões. Isso era para gente amadora; para corruptos que corriam o risco de ser pegos e ser enforcados pela opinião pública. Os companheiros são mais espertos. Praticam com maestria o que antes diziam condenar e ainda mandam enforcar. A síntese da história é a seguinte: Vicente Cândido, deputado federal (PT-SP), um figurão do partido, embora não seja muito conhecido, chamou a seu gabinete um conselheiro da Anatel de nome Marcelo Bechara. O deputado está interessado em livrar a cara da Oi, empresa que tem como sócios amigos do Luiz Inácio Apedeuta da Silva — o mais intimo é Sérgio Andrade. A empresa deve ao estado brasileiro nada menos de R$ 10 bilhões em multas — embora  o valor de mercado da companhia seja de R$ 8 bilhões. O parlamentar quis saber como Bechara podia ajudar a Oi e sugeriu falar em nome de Lula. A conversa, a esta altura, já tinha ultrapassado o limite do aceitável. Mas ele foi mais longe. Num papelucho, escreveu a seguinte palavra, acompanhada de um ponto de interrogação, e exibiu ao conselheiro: “Honorários?”.
Isso mesmo. Vocês entenderam direito. Um deputado do PT, atuando a favor dos interesses de uma empresa privada que tem como sócios amigos pessoais de Lula, abordou um conselheiro da Anatel e indagou quanto ele cobrava para dar um jeitinho. Atenção! BECHARA CONFIRMA QUE ISSO ACONTECEU. Mas ainda é de menos. O PRÓPRIO VICENTE CÂNDIDO ADMITE TER ESCRITO A PALAVRINHA. Mas se sai com uma desculpa esfarrapada. “Eu queria saber se ele tinha honorários.” Sim, vocês entenderam direito: um deputado do PT ofereceu propina a um conselheiro da Anatel.
Houve ainda um segundo encontro. Aí o buliçoso petista entregou a Bechara as pretensões da Oi,  com o timbre da Jereissati Participações (de Carlos Jereissati), uma das acionistas da companhia. Lá está o que quer a empresa, de que o petista virou um negociador: redução de 80% daquela dívida de R$ 10 bilhões e mudança urgente na regra que obriga uma telefônica a manter 4 telefones públicos por mil habitantes na área em que opera. Antes de falar com Bechara, naquele mesmo dia, Vicente Cândido havia se encontrado com Lula. Leiam trecho da reportagem. Volto em seguida.
*
No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra — e com a ajuda do próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
Com o passar do tempo, porém, a Oi perdeu valor de mercado, viu aumentar suas dívidas em proporções cavalares e hoje enfrenta sérias dificuldades para investir, o que para uma empresa do ramo de telecomunicações é quase como uma sentença de morte. O destino da companhia é motivo de preocupação para o governo e para o ex-presidente Lula. Em especial, pela possibilidade de o insucesso da empresa causar danos políticos às portas de uma campanha presidencial em que o PT pretende estender sua permanência no poder. Como explicar a ruína de um megaprojeto liderado pela maior estrela do partido e bancado em grande medida com dinheiro dos cofres públicos? Uma tarefa difícil, certamente. É legítimo que haja um esforço para ajudar uma empresa nacional. É legítimo que esse esforço também envolva agentes políticos. O que não é legítimo é a solução do problema passar por lobbies obscuros, negociatas entre partidos e até uma criminosa proposta de pagamento de propina a um servidor público em troca de uma ajuda à empresa — episódio que aconteceu no início do mês nas dependências do Congresso Nacional, em Brasília, envolvendo o deputado federal Vicente Cândido, do PT de São Paulo, e o conselheiro Marcelo Bechara, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Indicado para o cargo pelo PMDB, em 6 de agosto Marcelo Bechara foi ao gabinete do deputado depois de receber um telefonema do parlamentar convidando-o para uma visita. Entre uma conversa e outra, Cândido engrenou o assunto principal: a cobrança de multas bilionárias aplicadas à Oi pela agência. Advogado por formação, Bechara é conhecido por sua capacidade de formatar soluções jurídicas para questões aparentemente insolúveis. Ele fora o relator de uma proposta que pode dar um alívio e tanto ao combalido caixa da empresa e que será debatida em breve no conselho diretor da Anatel. A proposta regulamenta a cobrança de multas aplicadas às companhias telefônicas. As da Oi, atualmente, somam mais de 10 bilhões de reais — uma cifra astronômica em todos os aspectos, ainda mais se comparada ao valor de mercado da companhia, estimado em menos de 8 bilhões de reais.
(…)
Voltei
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos Cidade, um dos chefões da Oi.
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Escravos, ops, médicos cubanos são os primeiros a fechar acordo com Brasil. Que surpresa!

Deu na Folha: Brasil vai receber 4000 médicos cubanos para atender 700 cidades
O Brasil vai receber 4.000 médicos cubanos nos próximos meses, 400 deles imediatamente, dentro do programa federal Mais Médicos.
Segundo informou o Ministério da Saúde nesta quarta-feira (21), eles serão direcionados para 701 cidades que não foram escolhidas por nenhum profissional na primeira etapa do programa, 84% delas no Norte e no Nordeste do país.
O programa Mais Médicos foi lançado em julho pela presidente Dilma Rousseff. Um de seus focos é ampliar a presença de médicos, brasileiros ou estrangeiros, no interior do país e nas periferias das grandes cidades.
Este mês, após a constatação de que o primeiro mês de seleção do programa supriu menos de 15% da demanda por médicos, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que o país faria acordos internacionais para alavancar as inscrições no programa.
Ele citou um potencial acordo com Cuba. No início do ano, o governo cubano ofereceu 6.000 profissionais ao Brasil, oferta que gerou polêmica e foi suspensa pelo governo brasileiro.
O acordo com Cuba é o primeiro a ser fechado pelo ministério. Será intermediado pela OPAS (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas), modalidade de acordo nova para os cubanos, que têm parcerias para o envio de médicos com outros países.
A entrada massiva de médicos estrangeiros é rejeitada pelas entidades médicas, que criticam o fato de o governo brasileiro dispensar os médicos formados no exterior da revalidação de seus diplomas.
A Secretaria de Relações Internacionais do PT está organizando o processo pré-seletivo dos bolsistas que estudarão na Escola Latino-Americana de Medicina em Cuba.
Desde 1999, o governo cubano oferece estas bolsas através de várias organizações brasileiras, entre as quais o PT. As bolsas cobrem todos os gastos com o curso, alojamento e alimentação, além de incluírem uma pequena ajuda de custo.
Ficam a cargo do estudante as passagens aéreas, tanto agora como durante o curso. A pré-seleção está sendo feita com antecedência, para garantir maior acesso aos candidatos, especialmente aqueles que não ainda precisam providenciar a documentação exigida.
O PT lembra que este é um processo pré-seletivo. A seleção final será feita pelo governo cubano. Ou seja, a pré-seleção relaciona as pessoas que serão submetidas ao processo seletivo final caso o governo cubano realmente ofereça bolsas em 2006 e caso o número de bolsas seja equivalente ao número de pré-selecionados.!
É o PT criando um exército de “médicos” treinados em Cuba. Ele manda os voluntários, todos muiinteressados em realmente aprender medicina, e não socialismo, justamente em Cuba, que tem aquela “fantástica” expertise medicinal que faz com que Fidel Castro precise se tratar com médicos espanhóis e que encanta Michael Moore só nos “documentários”, e depois chama-os de volta para o Brasil, prontinhos para doutrinar o interior do país com a mensagem ideológica.
Sabemos que médicos gozam de credibilidade nessas bandas, nos grotões. O “profissional” estará pronto para, entre a receita de uma aspirina e outra, convencer seus pacientes das maravilhas do sistema comunista. Paranóia? Acho que não… Vejam:
PS: O governo não é contra o trabalho escravo? Então como pode contratar “médicos” cubanos sabendo que o grosso de seus salários fica com… a ditadura cubana?! É o governo brasileirobancando e estimulando o trabalho escravo, que diz condenar. Só com o PT mesmo…

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Estudo baseado no índice de assassinatos por habitantes atesta que São Paulo é a menos insegura das capitais e redesenha o mapa da violência que inclui 1.663 cidades



Por JÚLIA RODRIGUES
É mais seguro caminhar pelas ruas do Rio de Janeiro ou de Campina Grande do Sul, cidade com menos de 40 mil habitantes na Região Metropolitana de Curitiba? E qual destas capitais parece mais perigosa: São Paulo ou Porto Alegre? Convidados a responder rapidamente a tais perguntas, é provável que 10 em 10 brasileiros escolham a primeira opção. Estão todos errados, informa o Mapa da Violência, organizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
A  mais recente edição do estudo cobre o período que vai de 2001 a 2011 e utiliza como critério o número de homicídios para cada 100 mil habitantes. Nesse ranking baseado exclusivamente nos crimes de morte, a paranaense Campina Grande do Sul ocupa um incômodo segundo lugar, atrás apenas de Simões Filho, na Bahia, com 118 mil moradores. O Rio de Janeiro aparece na 662° posição entre os 1.663 municípios pesquisados.
O desempenho de São Paulo (1096° colocada) é ainda melhor que o do Rio e muito mais animador que o de Porto Alegre (315°). Na capital gaúcha, a taxa de homicídios supera em 155% a registrada pela maior metrópole brasileira. Hoje, São Paulo é a mais segura das capitais e Porto Alegre patina na 10° posição. As mudanças ocorridas no ranking não tornaram menos perturbador o quadro nacional. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a violência deve ser considerada epidêmica acima de 10 assassinatos a cada 100 mil habitantes por ano. No Brasil, o índice é de 27 homicídios ─ quase o triplo do limite estabelecido pela OMS.
Para se ter uma ideia da enormidade dos dígitos, basta confrontá-los com as estatísticas sobre as guerras ocorridas entre 2004 e 2007 no resto do mundo: 62 conflitos armados provocaram 208.349 mortes. De 2008 a 2011, foram assassinadas no Brasil 206.005 pessoas, 117 mil  a mais que a soma das vítimas das guerras do Iraque e do Afeganistão.
O Mapa da Violência também confirma o que os especialistas qualificam de “migração da violência”. Enquanto se multiplicam em regiões consideradas “pacatas” há dez anos, os crimes de morte desenham uma curva descendente em antigos redutos da violência. Para espanto de quem mede a criminalidade pelo noticiário jornalístico, São Paulo reduziu em 81,3% a taxa de homicídio. Também de dez anos para cá, esse índice sofreu uma queda de quase 60% no Rio.
As constatações feitas pelo Mapa da Violência não impedem, contudo, que o medo permaneça na mesma altitude, resultante da sensação de insegurança. Uma pesquisa do Ibope divulgada no início do ano comprovou que nove em dez moradores da capital paulista “não se sentem seguros”. Para o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, esse percepção equivocada (que se repete entre os cariocas) decorre do alcance dos meios de comunicação sediados nas duas maiores cidades do país.
“A violência não está no Rio ou em São Paulo”, garante Waiselfisz. “A notícia da violência é que está nessas cidades. Um sequestro no Rio tem uma repercussão extraordinariamente maior do que um sequestro em Alagoas”. É esse, aliás, o líder do ranking por estado. Maceió, a capital, é uma das 15 cidades que superaram a marca de 100 mortes por 100 mil habitantes. Nos últimos dez anos, a violência cresceu 146,5% em território alagoano. Tal expansão só foi superada pela criminalidade na Bahia, que registrou um avanço de 223,6% no número de homicídios.
Segundo Waiselfisz, o crime mudou de endereço em consequência de alterações na paisagem econômica e da falta de investimento em segurança. “A partir dos anos 90, a renda concentrada nas grandes metrópoles passou a migrar para municípios menores”, argumenta. “Essas cidades não estavam preparadas para o crescimento da população, e os sistemas de segurança, que eram compatíveis com o baixo número de habitantes, se mantiveram estagnados”.
No conjunto das capitais, a taxa de homicídios sofreu uma queda de 20,9%. Em contrapartida, cresceu 23,6%, nos municípios interioranos. O organizador do Mapa ressalva que essa curva ascendente também foi influenciada pelo aperfeiçoamento do aparelho policial. “Os institutos médicos legais eram muito poucos no país”, exemplifica o sociólogo. A contagem dos mortos foi aperfeiçoada, mas continua longe da eficiência desejável ─ o que permite supor que as dimensões da violência sejam ainda mais inquietantes.
“Alguns estudos comprovam que crimes banais, como discussões em botecos, matam muito mais que o tráfico de drogas”, observa Waiselfisz. E muitos crimes de morte decorrem da descrença na Justiça. “Como não confiam nos tribunais”, constata , “um número enorme de brasileiros acha mais eficaz fazer justiça com as próprias mãos”.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

‘O gigante dormiu. De novo. Chamem Francisco’, por Ricardo Noblat!!!

Publicado no Blog do Noblat
RICARDO NOBLAT
Previdente, esse rapaz. Sabe onde pisa. Como relator do novo Regimento Interno do Senado, Edison Lobão Filho (PMDB-MA), no exercício do cargo que seu pai, ministro das Minas e Energia, deixou vago, decidiu sumir com a palavra ética. Está no Houaiss: “Ética é o conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado”. Moral “é o conjunto de regras de condutas desejáveis num grupo social”. Há dentro do Regimento um código de ética. É sobre ele que juram os parlamentares na hora em que tomam posse dos seus cargos. Se depender de Lobão Filho, a palavra desaparecerá do código. Afinal, o que é ética para você poderá não ser para ele, argumenta o senador. “A ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”. Daí… Daí que Lobão está sendo apenas realista. E menos hipócrita do que seus colegas.
Fraudar notas fiscais para justificar gastos com verba de gabinete é faltar com a ética ou não? E omitir da Justiça dinheiro recebido para pagar gastos de campanha? E embolsar grana por fora para votar como manda quem pode? E retardar a instalação de uma CPI à espera de que seus apoiadores desistam dela em troca de vantagens? É espantosa a quantidade de políticos que procedem assim impunemente. Quase todos.
Tem uma CPI Mista prontinha no Senado destinada a se lambuzar com o mar de lama que escorre das obras da Copa do Mundo. Poderia estar funcionando. Mas Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, deu um tempo para que seus pares pensem melhor a respeito. Um pensou e tirou a assinatura: Zezé Perrela (PDT-MG). Outro, João Alberto de Souza (PMDB-MA), topa tirar desde que empregue um dos seus filhos no governo. Cadê o gigante? Ele não havia acordado?
Foi em junho último que manifestações diárias sacudiram o país. Num único dia, mais de três milhões de pessoas gritaram slogans, enfrentaram a polícia e algumas botaram para quebrar. Nunca os políticos temeram tanto o povo. A presidente da República falou à Nação. O Congresso prometeu aprovar em regime de urgência um lote de benfeitorias sob o título de Agenda Positiva.
Para aumentar o sufoco dos alvos preferenciais do gigante, o Papa Francisco passou uma semana entre nós dando lições de humildade. E antes de ir embora, aconselhou os jovens a irem para as ruas. O gigante ganhou na internet até a companhia de um canal exclusivo de televisão só para amplificar seus maus modos. No ar, a Rede Ninja!
Pois cansado ─ quem sabe? ─ resolveu dormir outra vez. Para quê? Quanta preguiça! O que a presidente propôs para amansar o gigante fracassou – reforma política, constituinte exclusiva, plebiscito ou mesmo referendo, dois anos a serviço dos mais pobres para quem desejasse se graduar em medicina. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) qualificou de engodo o pacote de promessas do Congresso concebido sob medida para entorpecer o gigante.
Desde então ministros e políticos voaram nas asas da FAB e ofereceram caronas a amigos e parentes. Amarildo desapareceu. A cara de bom moço do PSDB foi seriamente desfigurada pelo escândalo das licitações de trens dirigidas. O lobista do PMDB na Petrobrás chocou o distinto público com suas histórias medonhas. Uma delas sobre dinheiro para a campanha de Dilma. Outras, que aguardam publicação, sobre gente só um tico menos graúda do que Dilma.
Os Ninjas estão na berlinda de castigo tamanha é a série de depoimentos que abalou sua reputação. Quanto ao gigante… Nada mais esquisito. Faz o maior auê, sai de cena de mãos vazias e se recolhe para pegar no sono. Não, meu caro, não é hora de deitar em berço esplêndido.

O trem-bala de palanque continua a apitar nas curvas que ligam um cérebro baldio a uma cabeça habitada por um neurônio só!!!


Anunciado pelo Planalto nesta segunda-feira e comentado em seu blog por Rodrigo Constantino, mais um adiamento no leilão do trem-bala comprova que só Dilma Rousseff continua acreditando no colosso concebido para provar que o Brasil Maravilha é também uma potência ferroviária. Faz sentido. A presidente é incapaz de acreditar na existência da inflação ou dos corruptos logo ao lado. Mas crê piamente no que não existe. Há uma semana, soube-se que Dilma tem muito respeito pelo ET de Varginha. Nada tem de surpreendente a crença no delírio megalomaníaco que desde 2006 vai e vem só nas curvas que ligam o cérebro baldio de Lula à cabeça habitada por um neurônio só.
No vídeo de 5:39, gravado em 2010, Dilma garantiu no Programa do Ratinho que, graças ao padrinho, o país enfim entrara nos trilhos. “Nós fomos, eu acho, o governo que mais importância nos últimos anos deu ao trem”, fantasiou a afilhada. Sem ficar ruborizada, disse que aFerrovia Norte-Sul (podem chamar de Ferrovia do Sarney que ela atende) não demoraria a ligar o Maranhão ao Rio Grande do Sul. Até o fim do governo Lula, viajou a entrevistada, chegaria a Anápolis, em Goiás. E em 2014 ela própria inauguraria o trecho entre Anápolis e Estrela d´Oeste, no interior de São Paulo. No papel de ajudante de maquinista, Ratinho jogou mais lenha na fornalha. E o trem-bala?, quis saber.
Vai fazer coisas de que até Deus duvida, avisou o palavrório que, passados três anos, parece conversa de botequim na madrugada de sábado. Depois de informar que as cidades às margens da ferrovia ficariam parecidas com sucursais da Noruega, Dilma assombrou a nação com a revelação que deixara para o fim da entrevista: “Agora, cê imagina que aqui o pessoal de São Paulo pode saí, passá lá, chegá e passá o dia lá em São Paulo, tomá banho de mar e voltar”, entusiasmou-se ao descrever o que aconteceria antes que seu governo terminasse. Além de tantas outras vantagens, o trem-bala traria para São Paulo as praias do Rio.
Há pouco mais de um mês, o ministro dos Transportes, César Borges, adiou para abril de 2014 a conclusão do trecho Palmas-Anápolis, deixou para 2015 o apito inicial na estação de Estrela d´Oeste e revelou que as obras passariam a ser tocadas pela iniciativa privada. A rendição de Borges escancarou a verdade tantas vezes assassinada por governantes que só pensam em urna: a Ferrovia Norte-Sul, como aOeste-Leste e demais similares, é, simultaneamente, um monumento à incompetência, um buraco negro que desde 1987 suga bilhões de reais e um meio de transporte usado para levar dinheiro dos cofres públicos para contas no exterior movimentadas por empreiteiros amigos.
A maquinista sem juízo precisa descer imediatamente do trem fantasma de palanque e tentar assumir a chefia do governo, recomendou em 11 de julho de 2011 o post republicado na seção Vale Reprise. Passados dois anos, Dilma Rousseff ainda se recusa a sepultar de vez a maluquice sobre trilhos e tratar com mais clemência um sistema ferroviário em frangalhos. A sequência de descarrilamentos vai continuar. E não será interrompida enquanto os pagadores de impostos engolirem sem engasgos a conta da gastança.

Geração nem-nem cresce no Brasil e no Recife!!!

Eles têm entre 16 e 24 anos. Nem estudam nem trabalham e dependem de assistencialismo para sobreviver

Publicado em 11/08/2013, às 05h00

Por Raissa Ebrahim

Sicleide Oliveira, 21, tem três filhos. Dedica todo o tempo ao cuidado das crianças / Foto: Guga Matos/JC Imagem

Sicleide Oliveira, 21, tem três filhos. Dedica todo o tempo ao cuidado das crianças

Foto: Guga Matos/JC Imagem

Sicleide Oliveira tem 21 anos. É moradora do Alto do Progresso, em Nova Descoberta, Zona Norte do Recife. Com três filhos, ela parou de estudar na 8ª série. Dedica o dia a cuidar das crianças, com a ajuda da mãe, que vive do auxílio do Bolsa Família. O pai atua na informalidade, faz bicos quando dá, e alguns familiares ajudam a complementar a renda. Sicleide faz parte de um grupo que cresce em todo o mundo e que particularmente vem chamando atenção no Brasil. É a chamada “geração nem-nem”: nem estuda nem trabalha. No País, essas pessoas pertencem principalmente às classes de baixa renda.
Na capital pernambucana, representavam, em junho, 26,6% da população entre 16 e 24 anos. São 145 mil jovens totalmente fora do mercado de trabalho. Há dez anos, esse percentual era de 25,2% (148 mil). A taxa no Recife para o período supera a média de 19,4% observada nas seis localidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Além do Recife, também são avaliadas Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. 
Alguns especialistas já falam da “geração nem-nem-nem”. Quando se avalia a fatia de jovens que nem trabalha, nem estuda e nem procura emprego, o percentual, segundo o IBGE, fecha em 22,2% no Recife e em 14,7% na média das seis localidades pesquisadas pela PME. Em 2003, esse número era de 18,6% e 14,5%, respectivamente. 
Num país em que os empresários reclamam que não conseguem preencher vagas por falta de mão de obra qualificada, a situação soa até como um paradoxo. O cenário em que sobra oferta de emprego é o mesmo em que sobra gente que não trabalha nem estuda e, portanto, tem poucas perspectivas de futuro. 
De cada 100 empresários brasileiros, 68 reclamam da escassez de talentos. O número é bem acima dos 35% registrados na média mundial da Pesquisa Anual Sobre Escassez de Talentos 2013 do ManpowerGroup, realizada com quase 40 mil empregadores de 42 países e territórios. O Brasil só fica atrás do Japão (85%). Nas Américas, de um modo geral, as vagas com maior dificuldade de preenchimento são as técnicas, que deveriam ter justamente o jovem como maior foco. 
O desemprego juvenil preocupa e coloca em xeque o futuro econômico do País. Numa população que passa por uma grande transformação demográfica, que tem cada vez mais idosos e mais jovens que demoram para entrar no mercado, especialistas enfatizam que é preciso romper esse ciclo.

GALERIA DE IMAGENS

Os gêmeos Diogo e Diego Cosmo estão sem emprego e, aos 26 anos, dependem integralmente dos pais
Legenda

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um ET em Varginha!!!

Por Rodrigo Constantino
Três meninas juraram ter visto um ET em Varginha, Minas Gerais. Elas saíram correndo para contar aos demais. A repercussão foi tanta que envolveu até as autoridades. Ufólogos foram chamados com urgência para analisar a situação. Carl Sagan ficou todo animado, em seu túmulo.
Mas ninguém encontrou nada. A decepção começou a aumentar, quando alguém teve a brilhante ideia: chamar os Homens de Preto (MIB, sigla em inglês). Os dois agentes do MIB são peritos em alienígenas, capazes de identificar um deles por um simples olhar, um traquejo diferente na fala.
Foi barbada. Em questão de minutos eles já sabiam quem era o ET (na verdade, era uma “extra-terrestra”, do sexo feminino), estragando todo seu disfarce. Tal como Sherlock Holmes, ou mais ainda como no Scooby Doo, todos quiseram saber como eles tinham desmascarado o ET e chegado ao veredicto tão rapidamente. A dupla explicou:
- Nenhum ser deste planeta teria falido uma pequena loja de produtos de R$ 1,99 e mesmo assim convencido um povo inteiro de que era uma grande gestora eficiente;
- Nenhum terráqueo seria capaz de fazer alianças com os políticos mais corruptos, e ainda assim conquistar a fama de “faxineira da ética”;
- Nenhum habitante da Terra conseguiria posar como grande defensora da democracia na juventude, tendo sido uma guerrilheira comunista;
- Poucos seres humanos passam por tanta maquiagem assim para ocultar ou alterar a verdadeira face, à exceção dos participantes do programa Extreme Makeover;
- Só um extra-terrestre afirmaria diante do povo todo que a inflação está “completamente sob controle”, quando os dados oficiais mostram mais de 6% de inflação ao ano, com uma meta de 4,5%, e todos sofrendo diariamente nas compras dos supermercados;
- Por fim, a própria ET se entregou, quando, em busca de autoelogios visando apenas às eleições, declarou abertamente que nutria grande respeito pelo ET de Varginha.
Foi o escorregão final, que deu a certeza que faltava aos agentes do MIB. Em vez de levar o ET embora, de volta para seu planeta, os agentes resolveram fazer um teste com o povo brasileiro: ele só mereceria se livrar da “extra-terrestra” e suas intenções bolivarianas malignas se fosse capaz de descobrir a grande farsa por conta própria.
Por isso eles aplicaram aquele flash de memória nos habitantes de Varginha, que imediatamente esqueceram de tudo que tinham escutado e visto. O povo, não só de Varginha como de todo o Brasil, está por sua própria conta e risco responsável pela descoberta da verdade e concomitante expulsão do ET do poder.

Meio século do “assalto do século”


Na madrugada de 8 de agosto de 1963, uma gangue liderada por Bruce Reynolds parou o trem que viajava de Glasgow para Londres carregado de dinheiro vivo após um feriado bancário. Os ladrões adulteraram um sinal para fazer o trem parar, golpearam o piloto com uma barra de ferro e tomaram o segundo vagão, que transportava os valores.
A Folha fez uma reportagem sobre o aniversário do “assalto do século”, que completa hoje 50 anos. Em tempos de relativismo moral em alta, bandidos e mocinhos se misturavam, a zona cinzenta aumentou de tamanho, e os criminosos se tornaram heróis para muitos.
Segundo os pesquisadores Nick Russell-Pavier e Stewart Richards, o assalto já deu origem a 27 livros, 17 documentários de TV e quatro longas-metragens. Em março deste ano, o funeral de Reynolds virou uma espécie de celebração do crime quase perfeito. O glamour do roubo cinematográfico ainda encanta muita gente.
Bem menos glamouroso, mas nem por isso menos rentável, são os roubos frequentes que ocorrem no Brasil sobre trilhos. Os assaltantes britânicos levaram £ 2,6 milhões em dinheiro vivo na época, hoje equivalentes a £ 46 milhões ou R$ 158 milhões, a serem repartidos igualmente.
Ronald Biggs veio se refugiar no Brasil (e todo bandido de filme em Hollywood não escolhe o Brasil para fugir?). Mal sabia ele que seu crime é “fichinha” perto daqueles praticados por gente do nosso governo. Duvida? Então seguem trechos do meu livro Privatize Já:
A estatal Valec, responsável pela construção da Norte-Sul, fez um levantamento em junho de 2012 que apontou uma necessidade de despesa extra na casa dos R$ 400 milhões para consertar falhas na estrutura e nos trilhos.
Erros grosseiros foram encontrados, tanto nos trilhos como nos pátios logísticos. O atual presidente da empresa, José Eduardo Castello, declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico: “Tocaram os trilhos e não fizeram os pátios, ou seja, hoje não tenho onde carregar o trem. Ainda que toda a linha estivesse pronta, não teria onde estacionar para receber e entregar a carga”.
A ferrovia teve sua construção iniciada em 1987, durante o governo Sarney. Duas décadas depois de total abandono, as obras foram retomadas em 2007, ano em que a Vale assumiu, por R$ 1,4 bilhão, em pleno governo do PT (como veremos mais à frente) a concessão dos mais de 700 quilômetros da parte norte da ferrovia. 
Com cerca de dois mil trabalhadores envolvidos nas obras e com um orçamento total de US$ 6,7 bilhões, a Norte-Sul é um dos maiores empreendimentos de transporte do mundo. Não surpreende mais nenhum leitor deste livro o fato de que tantos recursos sob controle estatal produzam atrasos, superfaturamento e claros sinais de incompetência.
O Tribunal de Contas da União (TCU) tem acompanhado de perto as obras, chegando a recomendar sua paralisação por conta de irregularidades encontradas. Em 2010, o TCU exigiu que a estatal Valec fizesse a correção de diversos itens do edital da ferrovia, levando a uma redução de quase R$ 170 milhões no orçamento original. O TCU verificou que o dormente, para dar um exemplo, custava R$ 300 para a estatal, enquanto na Transnordestina, negócio privado, ficava por R$ 220.
A polícia já constatou superfaturamento de pelo menos R$ 129 milhões só na construção de trechos da ferrovia em Goiás. A apuração trecho a trecho aponta sobrepreço de 20% no orçamento inicial. O ex-presidente José Francisco das Neves, o Juquinha, chegou a ser preso pela Polícia Federal na operação “Trem pagador”, no começo de julho de 2012.
Ele comandou a empresa de 2003 a 2011, período em que seu patrimônio deu um salto espetacular. Quando chegou à Valec, Juquinha tinha patrimônio declarado de R$ 1,5 milhão, e o último dado somava R$ 18 milhões, sendo que, pelos cálculos dos investigadores, só os bens identificados até o momento da prisão chegavam a R$ 60 milhões! 
Como Ronald Biggs pode ver, existem formas bem mais fáceis de se roubar trens. Basta ter uma poderosa estatal à disposição cuidando do setor. Mas uma coisa há em comum: esses ladrões adoram o Brasil como destino final…

A bilionária ponte baiana!!!


Fonte: Wikipedia
Deu no VALOR: Bahia planeja ponte bilionária ligando Salvador a Itaparica
Discretamente, o governo baiano costura um acordo em Brasília para emplacar aquele que tem tudo para ser um dos projetos de logística mais caros e polêmicos do país. Está em negociações avançadas no Ministério do Planejamento um aporte que pode chegar até a R$ 4 bilhões para ajudar o governo do Estado a erguer uma ponte de 12 quilômetros entre Salvador e a Ilha de Itaparica. A ponte seria a segunda maior da América Latina, só inferior à Rio-Niterói. Com obras complementares, o investimento necessário foi calculado pelo governo baiano em R$ 7,3 bilhões.
[...]
O aporte do governo federal colocado na mesa de negociação varia entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. O ministério deu sinal verde para que a transação avance. Nos próximos dias, o governo baiano pretende selar o acordo com o aval do Ministério dos Transportes, em um encontro com o ministro da pasta e ex-governador da Bahia, César Borges. Ao entrar para a lista vip do PAC, a ponte baiana passará a contar com repasses diretos de recursos federais. De quebra, ficará protegida de eventuais contingenciamentos de Orçamento da União.
Toda a operação está sendo coordenada diretamente pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que é atual secretário de Planejamento do governo da Bahia e pré-candidato do PT para disputar o governo do Estado nas eleições do ano que vem. Em entrevista ao Valor, Gabrielli confirmou as negociações com o governo federal e adiantou que pretende licitar a obra o mais rápido possível. Na últimas semanas, o governo baiano lançou uma série de editais para contratação de estudos de engenharia, viabilidade econômica e ambiental. Parte das empresas que farão esses estudos já foi contratada (ver texto abaixo). “É um projeto primordial para o nosso Estado. Estamos trabalhando para licitar a obra já no primeiro trimestre do ano que vem”, disse Gabrielli.
Só os estudos do projeto já custaram, até agora, quase R$ 100 milhões! O Ministério Público avisou que já está atento ao empreendimento, e que vai investigá-lo. Sempre que se junta bilhões de reais e governo na mesma frase, o bolso do “contribuinte” costuma ser o maior perdedor.
Chama a atenção também, claro, o fato de ser um estado sob gestão do PT. Será que um governo de oposição contaria com o mesmo tipo de tratamento? Quando o governo federal concentra tanto poder e recursos assim, esse tipo de risco de favorecimento é constante e ameaça a democracia e o sistema federalista.
Por fim, Sérgio Gabrielli, para quem não lembra, foi o presidente da Petrobras durante o governo Lula, o mesmo responsável pela grande deterioração no quadro financeiro da empresa, pelo pífio crescimento de sua produção, por operações contábeis entre a estatal e o governo federal que levantaram enormes suspeitas e afugentaram vários investidores estrangeiros e nacionais, e, ainda, pela compra da refinaria em Pasadena, na Califórnia, por valor bilionário que hoje não vale praticamente mais nada!
É um currículo de causar inveja… aos incompetentes que perdem seus cargos no setor privado! Porque no setor público, pelo visto, a incompetência é premiada. Pergunto ao leitor: você confiaria bilhões aos cuidados de Sérgio Gabrielli?
As cifras bilionárias dos petrodólares devem ter influenciado sua mente também. Octavio Paz, o Prêmio Nobel de Literatura mexicano, foi no alvo quando disse em O Ogro Filantrópico:
Por um lado, o Estado mexicano é um caso, uma variedade de um fenômeno universal e ameaçador: o câncer do estatismo; por outro, será o administrador da nossa iminente e inesperada riqueza petrolífera: estará preparado para isso? Seus antecedentes são negativos: o Estado mexicano padece, como enfermidades crônicas, da rapacidade e da venalidade dos funcionários. [...] O mais perigoso, porém, não é a corrupção, e sim as tentações faraônicas da alta burocracia, contagiada pela mania planificadora do nosso século. [...] Como poderemos nós, os mexicanos, supervisionar e vigiar um Estado cada vez mais forte e rico? Como evitaremos a proliferação dos projetos gigantescos e ruinosos, filhos da megalomania de tecnocratas bêbados de cifras e de estatísticas? [...] Nos últimos 50 anos temos assistido com raiva impotente à destruição de nossa cidade, e de nada nos valeram as críticas nem as queixas: teremos mais sorte com nosso petróleo do que com nossas ruas e monumentos?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Está faltando engenheiros no Brasil


Por Carlos Vianna Junior
Publicada em 08/08/2013 00:17:51

A situação não é igual à dos médicos, mas os números apontam para uma situação semelhante num futuro próximo. Segundo a Federação Nacional dos Engenheiros; devido ao PAC, a exploração do Pré-sal e aos grandes eventos esportivos dos próximos anos, o Brasil precisará de 300 mil novos engenheiros, mas tem condição de formar apenas 38 mil por ano, o que dá um déficit de mais de 180 mil profissionais. Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Marco Antônio Amigo, a importação de engenheiros, apesar de indesejada, pode ser impulsionada por outros fatores, como o desemprego na Europa.
Segundo ele, essa carência de profissionais, que já é sentida, está chamando a atenção de outros países, principalmente da Europa, cuja taxa de desemprego vem deixando muita mão de obra ociosa. “Para a Europa, cada profissional que sai para um país como o Brasil, é uma família a menos para eles se preocuparem”, explica.
O presidente do conselho informa ainda que países como Espanha e Portugal vem pressionando o governo brasileiro para garantir a entrada de seus profissionais na suposta onda migratória de engenheiros que se configura. Segundo ele, a carência nacional abrange quase todas as especialidades. “O mercado tem encontrado dificuldade em encontrar engenheiros industrial, mecânico, elétrico, civil, ambiental, de produção, entre outros. Contudo, a maior carência é de profissionais com formações específicas e pós-graduação”, acrescenta.
O engenheiro eletricista e diretor geral da FCA, Fábio Carrilho, confirma que a necessidade de especialização já foi sentida pelos profissionais, que estão voltando para a sala de aula. A FCA é uma empresa de engenharia que tem investido na área de educação a partir de uma parceria com a Faculdade Maurício de Nassau. “A busca pelos cursos que oferecemos tem crescido bastante nos últimos anos”, conta, informando que desde a fundação da unidade de educação da empresa, mais de 100 engenheiros se especializaram nas diferentes áreas oferecidas.
Contudo, Carrilho, não acredita que o investimento em especializações por parte dos profissionais e o investimento em novas faculdades e escolas técnicas por parte do governo vão impedir que o Brasil importe mão de obra. “O investimento do governo, além de insuficiente, veio muito tardiamente. Além disso, existe o problema da qualidade do ensino básico que compromete também a quantidade e a qualidade dos engenheiros disponíveis no mercado” pondera.
De acordo com Cardilho, a má preparação dos alunos de segundo grau acaba por fazer com que muitos encontrem dificuldades em terminar os cursos que exigem muito de uma boa base em matemática e física. “Mais de 50% dos alunos de engenharia não conseguem terminar o curso de cinco anos no seu prazo mínimo. Além disso, mais de 30% desistem no meio do curso”, afirma. Esse é um dos fatores que fazem Cardilho não ter dúvidas que a importação de engenheiros será necessária num futuro próximo.
Falta de planejamento governamental
Para Caiuby Alves Costa, doutor em Engenharia pela Universidade de Paris e ex-diretor da Escola Politécnica da UFBA, o problema no campo da engenharia não é de falta de profissionais, mas sim de planejamento governamental. “Há essa projeção de carência por conta de uma onda desenvolvimentista iniciada recentemente, mas antes disso, pela falta de investimento em infraestrutura, não foram poucos os engenheiros que deixaram a área por falta de trabalho”, conta.
Costa acrescenta ainda que essa demanda é fruto de uma necessidade circunstancial e não fruto de uma política pública que teria os engenheiros como principais parceiros. “Por falta de visão de futuro somos ainda um país exportador de commodities. Seria muito mais lucrativo já termos agregado valor aos produtos que vendemos, através do desenvolvimento de tecnologia e valorização da engenharia nacional”, explica.
O presidente do Crea, Marco Antônio Amigo, explica que está é a quarta onda desenvolvimentista pela qual passa o país e que nenhuma teve um planejamento prévio. “A primeira foi com a colonização, a segunda aconteceu depois da Primeira Guerra Mundial, seguida pela onda após a Segunda Guerra. Agora vivemos a quarta e seguimos a mesma proposta de tentar suprir necessidades em cima da hora”, disse.
Ele aponta que até mesmo os investimentos em formação da parte do governo vai esbarrar na questão tempo. “Mesmo que se continue investindo em formação (na Bahia algumas novas faculdades estão sendo abertas, inclusive no interior), é necessário cinco anos para concluir um curso básico, e essa formação é insuficiente para as exigências específicas do mercado, a qual deve ser continuada com cursos de especialização, que demanda mais alguns anos”.
Atuação de estrangeiros
Para o presidente do Crea, existem outras maneiras do governo encarar o problema da carência de engenheiros no mercado, caso se queira aproveitar o desenvolvimento do país para a geração de oportunidades para os brasileiros. “Além da possibilidade de oferecer cursos complementares para os nossos técnicos, o que exigiria mais um ou dois anos de estudo para elevá-los ao grau de engenheiros, se poderia fazer um chamamento em outras áreas de saber próximas à engenharia. Um físico, por exemplo, tem toda a condição de, com mais dois anos de estudos, ser capacitado a exercer funções dentro da área de engenharia”, afirma.
Enquanto isso, a entrada de estrangeiros no mercado nacional de engenharia já começou. De acordo com  Marco Antônio Amigo, de 2 a 3% dos engenheiros no Brasil são estrangeiros. “Não são números que denotem o início de uma invasão, eles representam mais um quadro que tem se mantido nos últimos anos. Contudo, a expectativa é que esse número comece a crescer em breve. Mas o Crea estará alerta no sentido de fiscalizar a sua atuação”, disse.